Quem me
dera ser bem decidido em qual ônibus subir ou qual cigarro fumar. E lá estava
eu, na fila do fast-food que evidentemente escolhi errado no desespero da fome. A atendente ruiva de aparelho nos dentes perguntou-me de forma invasiva –
Fritas ou nuggets? – como se fosse simples optar entre as múltiplas possibilidades.
Olhei apreensivo para os lados e por uma fração de segundo me afeiçoei às
batatas, logo em seguida, minha boca encheu-se d’água em imaginar sabor do
frango; era uma decisão difícil. E ali, sendo encarado pelos olhos grandes da
moçoila ruiva, divaguei em conflitos proporcionalmente intensos às guerras
mundiais.
Social
democracia ou anarquismo radical? Miles Davis ou talvez John Coltrane? Shakespeare
Apaixonado ou quem sabe O Último Tango em Paris? Deveria ter citado Foucault nas
aulas de sociologia e não Deleuze; talvez ter ido a Moçambique em vez de
Angola; queijo a goiabada; geral a numerada; contra-baixo a guitarra; cd’s a vinis – Moço?
- Fritas, por favor!
(Bruno Ottenio)
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