quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Valei-me



Baboseira





Veja essa criança de roupas sujas
Carrega consigo um avalanche de sentimentos, de pré-noções, de malícias
Corre nas ruas feito uma locomotiva sem freios, ultrapassando as limitações do tempo e da física
Sorri como se fosse puro, santo
Santo anjo do senhor, meu zeloso guardador

Reza sem bíblia, sem terço, sem medo
Medo de Deus nunca teve, só medo do "coisa ruim", valei-me minha Nossa Senhora ! vá de reto
Diz que vai na missa só pra comer pãozinho, odeia o coitado do vigário, criou aversão
Aversão de endinheirados, moleque danado de invejoso

Ontem me disse que teria seu primeiro dia de labuta
Sonha em ficar endinheirado, moleque danado de controverso
Nunca vi ordinário trabalhar, tanto é que não durou muito
Agora está pra cima e pra baixo de novo

Está virando rapazote, hora fala grosso, hora fala fino, hora fala grosso, hora fala fino
Mais o sorriso é sempre o mesmo, cheio de sentimentos, pré-noções, malícias
Diz que vai estudar no próximo semestre
Moleque danado de mentiroso

Vai ficar por aí na vida, sentindo o vento soprar-lhe as orelhas
Ainda correndo nas ruas, agora  montado à cavalo
Cavalo de metal, de depressão, desânimo
Perdeu o sorriso e o medo do "coisa ruim"
Agora só tem medo de virar gente grande

Valei-me minha Nossa Senhora ! vá de reto


( Esse é um poema de ficção, com várias palavras, e muitas letras )


(Bruno Ottenio)

Nenhum comentário:

Postar um comentário